«Embora a fotografia produza imagens que são registo de realidades, não deixa de ser também um meio aberto à colagem, à mistura ou transformação cromáticas, o que Daniela Rocha
explora nesse percurso e mesmo através de computador. Operadora, enquanto técnica e artista, trabalha num domínio aberto da fotografia, acede pluralmente à imagem. Assim se explica e justifica esta nomeação profissional de operadora de imagem». (Prof. Rocha de Sousa)
Como já referi no Naturalíssima, raramente recorres aos tratamentos artificiais. Mas quando isso acontece, como é o caso, a utilização é bem medida, revelando uma maturidade assinalável quer no plano conceptual, quer no resultado exposto.
Entre o mundo semântico que nomeia as coisas e o volúvel Universo material da cor, só em condições muito especiais de luz é que o resultado normal da imagem poderia ser este. Contudo, criaste uma tensão perceptiva e vibrante ao olhar, simulando naturalmente a superfície duma parede gelada.
Esta parede degradada nunca pode- ria ter este aspecto se não fosse tocada pela mão e pelo imaginário sensível da autora. Bela deriva pe- lo real prosaico, entretanto trans- formado em superfície lunar ou em céu de madrugada, com nuvens escu- ras. Não há outro remédio, se a ar- te não pode copiar o real é porque a sua natureza o ultrapassa e plu- risignifica. «Torna-o visível», co- mo dizia o outro, isto é: torna-o diferente, porventura encantatório. Oncle velho João
2 comentários:
Como já referi no Naturalíssima, raramente recorres aos tratamentos artificiais. Mas quando isso acontece, como é o caso, a utilização é bem medida, revelando uma maturidade assinalável quer no plano conceptual, quer no resultado exposto.
Entre o mundo semântico que nomeia as coisas e o volúvel Universo material da cor, só em condições muito especiais de luz é que o resultado normal da imagem poderia ser este. Contudo, criaste uma tensão perceptiva e vibrante ao olhar, simulando naturalmente a superfície duma parede gelada.
"Gelei" ao ver, amormeu!
Miguel
Esta parede degradada nunca pode-
ria ter este aspecto se não fosse
tocada pela mão e pelo imaginário
sensível da autora. Bela deriva pe-
lo real prosaico, entretanto trans-
formado em superfície lunar ou em céu de madrugada, com nuvens escu-
ras. Não há outro remédio, se a ar-
te não pode copiar o real é porque
a sua natureza o ultrapassa e plu-
risignifica. «Torna-o visível», co-
mo dizia o outro, isto é: torna-o
diferente, porventura encantatório.
Oncle velho João
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